domingo, 31 de outubro de 2010

Era uma manhã.
Diferente das outras manhãs, o céu se fechava para nós.
Lençóis brancos, sento-me na ponta da cama.
O vento insistia em partir minh'alma em duas.

Duas.

Acendi o cigarro, me pus a debruçar na janela.
Havia vinho, roupa e culpa por todo o quarto.

Um sexo vazio.

O horizonte tentava se comunicar, meus olhos entreabertos.
Meu cabelo embaraçado, a situação, o lençol.

O vento.

Eu sorria para o céu, sem porquê, sorria.
Com a mão na nuca, abaixava a cabeça, pensava.

Pensava em quê? Não sei.
Nem se pensava.

O tempo passava por si só.

Palavras, quase meias.
Concordo, sim, claro, verdade.
Três e meia da tarde.

O negar, a ausência, a ousadia.
Inércia.

Uma tosse e a realidade se fazia presente.

O peso.

Já era hora de ir, a ti não mais pertencia.
Consciência.
A ti nunca pertenci.
A roupa e a culpa, levo comigo.


Do mundo sou, pro mundo partirei.


Seu coração,

parti.
Um dia em mim caberá sem sofrimento eu e minha loucura.
Enquanto esse dia não chega, Loucura, deixo-te sair a passear por letras e sons, fomando o que quiseres.

sábado, 30 de outubro de 2010

"Quem tem medo de brincar de amor?"

Escrever pra quê? Qual o por quê disso tudo?
Escrever para arrancar do peito toda a confusão, organizar em letras e digerir.
Indigesto. Vomitar tudo e limpar a bagunça. Refazer.
Os ponteiros do relógio já não servem pra contar o tempo da pulsação. O sangue já não se aguenta nas veias. Tudo é tão frágil.
O que é o amor? Me diz, o que é Amor?
A quem amar, para quem se doar...Se doar? Se doer?
Efêmero...substitui, tu e substitui? O vento o que faz?
Quantos mais? E o que acabou, o que sumiu, o que se cortou...deixar?
Não volte pra casa, nunca volte para casa.
Não voltarei tão cedo.
O certo e o errado. Uma pessoa só uma pessoa só uma?
Todos, amará, amar a todos.
Por quem lutar?
Não é ético, não é certo. E quem disse que é? Que não é? E quem não é?
Quanto tempo podemos, temos?
Para amar. Mar.
Quanto tempo tens?
Em quanto tempo tens?


da CULPA.

O que forma a culpa? O que deforma?
De que forma. Quem afirma?

Deixo levar qualquer aperto que venha do que passou. Passado passou.
Quem se fez presente?
PRESENTE SE FEZ.
o presente.
no presente.
se fez.
se faz.

Faz-me no seu presente, agora.

Vou pedir.
e por favor,
faz.



Em quanto tempo a gente pode amar?
Em quanto tempo a gente pode se desarmar?

Autorizada estou?
Não, pois não.
E de volta ao certo e errado.

Aqui venho, assino aqui minha sentença.

Me permito. Me censuro.
Me guardo.

Admito.
Minto para mim. Min to para min.

De onde veio o ódio?
Quem permitiu a metamorfose?
Ódio feito, ódio será.

Não.

AMOR.
nasceu.

Por que?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Variações Psicológicas

Por promessa, estou aqui a postar a teoria dos gráficos mentais das variações psicológicas das pessoas.
Isso pode parecer invalidar o post anterior, porém, estou escrevendo isso hoje e agora apenas pela facilidade de escrever no momento. Não se confundam ou se enganem, o.k.?

Pois bem. Cada pessoa que tenho contato (seja direto ou indireto) eu analiso e coloco num gráfico mental. Em um mês ou dois, já tenho dados suficientes para montá-lo. O máximo de tristeza e felicidade da pessoa, raiva, medo, sono, preguiça, aflição, nojo, saudade, marra, malandragem, fome, dor, instabilidade, estabilidade, gostos, memórias, tudo isso encaixa em apenas uma linha de gráfico, aonde o que causa a variação é o fato de todo esse conjunto me deixar bem ou me deixar mal dentro das possibilidades da pessoa.

É bem simples, na verdade. E depois de meses (ou mesmo anos) fazendo um gráfico único e definitivo para cada pessoa, a única coisa que pode mesmo me abalar é a linha ultrapassar os limites.

Cápsulas

Bem estranha a sensação..você passa dias densos dentro de uma cápsula, se engolindo e deixando por conta do suco gástrico queimar aquilo que você é, aquilo que você foi.
Você para pra pensar no porquê de estar fazendo tudo isso, abre as cápsulas e se vê livre. Aos poucos vai se purificando... É uma sensação de liberdade superior. Ao cair da última realidade, abre-se o chão em alto volume, ecôa para todos os lados, ensurdece.
E se você não couber mais dentro de você e nem fora?
Não há mais espaço, não há como suportar.

Já rasguei os gráficos, já não calculo as porcentagens. As pessoas são incalculáveis. Todas as teorias caindo por terra e eu louca, a procura do um loco.
Não há fórmula para desvendar e não consigo revelar isso para o conteúdo das cápsulas.

Não existe em mim um pensamento que não seja linear e planejado. Sinto inveja das pessoas que se permitem sentir sem antes (durante e depois) analisar os sentimentos. Não existe em mim um pensamento que não seja linear e planejado. Da minha mente fiz minha cova, e nela deito cada dia durante mais tempo, até chegar o momento de, para sempre, deitar.