segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Domingo
Não tem banho de mangueira, não tem violão, não tem brincar de Mês, não tem jabuticaba no pé, não cai manga da árvore. Aonde estão os morcegos da bananeira? Tinha uma pitangueira ali. O pezinho de tomate, coitado, nem tomate dá. Agora tem um prédio nos olhando do outro lado do quintal. 
O cachorro late, o prédio responde...
E logo eu que nunca choro, desabo.
Meu coração apertado assiste passar um ano, dois, dez.
Cadê o cachorro?
E a rede a balançar?
O cheiro de cimento da construção, do tijolo, da areia pra brincar, da brita, da madeira, pra onde foi?
Virou casa.
E a casa, virou o que?
Virou saudade, só se for. 
E só se foi.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


Sem muito se importar com o lugar.
Um quarto quadro em branco, um cenário vazio.
Crua.
A pessoa...vazia.
A ânsia.
Tudo dói,
o amor corrói o peito até não sobrar
mais nada...
mas nada o tempo respeita.
Nem o meu tempo
parado
estagnado
que tenta buscar um tempo
errado
que deixei de viver
por deixar de existir

respeito
ao luto
da própria comédia
sádica
da tristeza que vem
bem-vinda
mas não aceita.

Sorrateiramente:
A depressão chega
pela porta dos fundos
como o jardineiro
sujo de terra, suado
arrumando o jardim
das calhas alheias
das janelas da alma
que vem a calhar
por não ter força
pra cuidar
do próprio jardim



Flávia Lages

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sem dar nome

É o medo da própria existência não transmitir mais nada, te trazendo de modo paradoxalmente inerte para a não existência. Quando o não caminhar te leva a algum lugar que se anula por não ter sido alcançado. A des-fuga-dependência pela palavra, aonde a comunicação abundante se dá quando não se diz nada. O vício verbal. Do silêncio se faz a crise de abstinência. O desapego alfabético e a liberdade de se deixar sentir sem vestígio de registro. Não dar nome, não caracterizar, não julgar ou classificar. É o desafio aonde o peito se abre em meditação e a cabeça se guarda; desliga.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

‎"e ainda tem gente que reclama da vida..."
OLHA, se tem uma frase que me irrita é essa. Cada um tem seus problemas, e cada problema próprio se encaixa numa gráfico mental decrescente (do maior pro menor), por ordem de prioridade. O que as pessoas não entendem é que o problemas dos outros não entram no meu gráfico próprio. Por fim, vou reclamar dos meus problemas e não quero problema de ninguém inferiorizando os meus. Eu reclamo da minha realidade, você reclama da sua.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

A falta de parâmetros pra distinguir o bem do mal causa um paradoxo, fazendo com que a Utopia não seja utópica. A constante do equilíbrio acaba por anular os dois lados. Já repararam?

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

[Aviso: O post que você pretende ler agora contém grande quantidade de "sujo falando do mal lavado"]

- Te amo.
Ok, vamos começar por aí.

Porque uma hora ou outra, a gente diz. Grande parte das vezes por pressão ou hábito, outras por querer ouvir tal expressão em retorno. Poucas vezes pela pureza e transparência do sentimento. Tudo bem: seres humanos, equilíbrio, reciprocidade.
Não é uma questão de discordar do ato, mas quem estipulou esse equilíbrio?
E como entender a camuflagem? As pessoas não podem estar com quem amam sem comprá-las com presentes? Acho que existe um limite, sabe?! E é aí que se encontra o equilíbrio. Se existir um fator externo influenciando a relação, que ele entretenha todos os envolvidos, com o fator e entre si, como por exemplo, assistir um filme.
Acho que a essência da convivência está quando o que interage é apenas você e a(s) outra(s) pessoa(s). É fácil lidar com o que for, tendo outros elementos para distração.
Vamos trabalhar mais os valores do relacionamento ao invés dos monetários então?!

Ok, próximo assunto.
(ainda no mesmo. Desculpa, gente.)

Não sei se as pessoas tem preguiça de relacionamentos ou então elas acham que o melhor relacionamento é aquele em que tudo está ótimo. Será que é excesso de conto de fadas?
Se não existem brigas e discussões, como você pode ter parâmetro pra dividir o que é bom e o que é ruim e realmente aproveitar quando as coisas estão boas? O Equilíbrio do relacionamento se encontra aí, além do que, precisa ser mantido também numa questão hierárquica, lembrando que ninguém é melhor do que ninguém. Se sujeitar a periferia de um relacionamento faz mal, tanto quanto carregá-lo nas costas. E por favor, não podemos esquecer que cada pessoa é ela-mesma 100%, logo, havendo qualquer doação de alguma das partes do relacionamento, há um desequilíbrio (vide esse texto, qualquer dúvida. Não é diretamente explicativo, porém esclarece de um modo geral).



Não tenho algo conclusivo pra fechar o que escrevi, porém, acho que não é muito difícil tirar as próprias conclusões.
E acho que isso pode ajudar algumas pessoas que vieram pedir conselhos (ou não).


Boa sorte!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Quando eu nasci eu era apenas uma.
Quando eu morrer, só eu morrerei.

Me diz, pra que achar sarna pra se coçar no meio do caminho?!