Era uma manhã.
Diferente das outras manhãs, o céu se fechava para nós.
Lençóis brancos, sento-me na ponta da cama.
O vento insistia em partir minh'alma em duas.
Duas.
Acendi o cigarro, me pus a debruçar na janela.
Havia vinho, roupa e culpa por todo o quarto.
Um sexo vazio.
O horizonte tentava se comunicar, meus olhos entreabertos.
Meu cabelo embaraçado, a situação, o lençol.
O vento.
Eu sorria para o céu, sem porquê, sorria.
Com a mão na nuca, abaixava a cabeça, pensava.
Pensava em quê? Não sei.
Nem se pensava.
O tempo passava por si só.
Palavras, quase meias.
Concordo, sim, claro, verdade.
Três e meia da tarde.
O negar, a ausência, a ousadia.
Inércia.
Uma tosse e a realidade se fazia presente.
O peso.
Já era hora de ir, a ti não mais pertencia.
Consciência.
A ti nunca pertenci.
A roupa e a culpa, levo comigo.
Do mundo sou, pro mundo partirei.
Seu coração,
parti.
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