domingo, 31 de outubro de 2010

Era uma manhã.
Diferente das outras manhãs, o céu se fechava para nós.
Lençóis brancos, sento-me na ponta da cama.
O vento insistia em partir minh'alma em duas.

Duas.

Acendi o cigarro, me pus a debruçar na janela.
Havia vinho, roupa e culpa por todo o quarto.

Um sexo vazio.

O horizonte tentava se comunicar, meus olhos entreabertos.
Meu cabelo embaraçado, a situação, o lençol.

O vento.

Eu sorria para o céu, sem porquê, sorria.
Com a mão na nuca, abaixava a cabeça, pensava.

Pensava em quê? Não sei.
Nem se pensava.

O tempo passava por si só.

Palavras, quase meias.
Concordo, sim, claro, verdade.
Três e meia da tarde.

O negar, a ausência, a ousadia.
Inércia.

Uma tosse e a realidade se fazia presente.

O peso.

Já era hora de ir, a ti não mais pertencia.
Consciência.
A ti nunca pertenci.
A roupa e a culpa, levo comigo.


Do mundo sou, pro mundo partirei.


Seu coração,

parti.

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